Reflexões de um marquetista

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Inicialmente, é com um enorme prazer que estou fazendo a estréia como colaborador da Associação Brasileira de Marketing & Negócios, escrevendo sobre assuntos afins aos objetivos da entidade e compartilhando de uma troca saudável de idéias com todos os seus associados.

E eis então uma primeira provocação que vou fazer para os leitores, postura que certamente irá se repetir ao longo de nosso convívio virtual. O título acima fala em marquetista, ao invés dos já conhecidos rótulos de marqueteiro ou marquetólogo. Qual será a novidade que estaremos trazendo agora?

Nosso amigo Prof. Francisco Távora, profissional de Marketing dos mais qualificados, apresentou-me, tempos atrás, uma tese que tem muita lógica. A terminação "eiro" é aplicada a quem exerce atividade fundamentada na prática, no fazer, no executar, no realizar. Tem relação direta com a materialização de idéias e projetos. Ele exemplifica com algumas profissões, tais como a de carpinteiro, bombeiro ou engenheiro. Será assim um "marqueteiro"?

Continuando, diz ele que quando o profissional se envolve em campos explicitamente voltados ao saber e pensar humano, a terminação "ólogo" é a que melhor cabe, tal qual quando nos referimos à profissão do arqueólogo, psicólogo ou do sociólogo. Será este o caso do "marquetólogo"?

Independentemente dos comentários feitos pelo Prof. Távora, uma verdade existe: ao longo do tempo, a aplicação indevida e simplista de rótulos para o profissional de Marketing acabou por desgastar aquelas duas referências. Por essas razões, ele sugere praticar-se uma mais adequada denominação para substituir os já conhecidos jargões "marqueteiro" e "marquetólogo". 

A tese que o  Prof. Távora apresenta, aprovada por professores de lingüística que ele consultou, aponta para uma nova denominação ao profissional de Marketing. A busca é a de uma titulação que consolide ambas as realidades citadas anteriormente. Mais do que isso, que seja capaz de atender também um contexto bem mais abrangente.

Essa denominação idealizada por ele deve estar associada ao profissional que tem a capacidade e a competência de pesquisar, criar, produzir, divulgar, investigar, responsabilizar-se pela gestão e assumir o controle de todo o processo mercadológico, desde a sua origem até a conclusão. 

Portanto, essa é uma associação clara do saber, pensar, criar, executar e gerir, sinergia nítida entre a teoria e a prática. A proposição é que o profissional de Marketing seja um "marquetista", tal qual o artista que cria e concretiza, ou o estadista que planeja e implementa suas propostas. 

Certamente, a esta altura, cada leitor já começou a corrida para relacionar diferentes profissões e fazer a chamada "contra-prova". Seria uma forma de invalidar a tese, como se faz nas ciências exatas. Mas, o que vale mesmo é sempre vale uma boa reflexão a respeito. 

E o leitor, o que acha disso tudo? Você se sentiria feliz sendo chamado de marquetista? Particularmente, eu até gosto. No mínimo, remete a um cenário mais charmoso e de maior valor agregado ao termo... Melhor do que um carimbo desgastado com a qualificação associada aos maus usos e costumes!